As vésperas de completar dez anos da minha ordenação pastoral, vivo um dos mais intensos momentos da minha vocação. Tudo que se construiu nesses anos foram a base de fé, e um propósito, o quais tiveram seus resultados, ora bons, ora não tão bons. A intensidade do momento se dá, a um questionamento sobre alguns valores, métodos e situações que vivi e vivo.
Muitas vezes me sinto como Jeremias, diante de uma igreja fria e evasiva, outrora me sinto como Pedro na crescente e avivada igreja primitiva. As pessoas são de fato, um dos elementos mais importantes da constituição de uma igreja, entretanto, são também o mais complexo desses elementos. São elas responsáveis por formar uma igreja fria e evasiva ou crescente e avivada.As pessoas são a engrenagem que faz essa máquina girar, e aqui entra a intensidade dos momentos de minha vocação : PESSOAS SÃO O QUE SÃO.
Sim, é isso mesmo. Tenho lutado para aprender a lidar com o fato de que embora as pessoas sejam fundamentais e importantes no processo de crescimento e desenvolvimento da igreja de Cristo, não posso me esquecer de que elas são o que são. São fruto da vida que levam, são resultado da formação que tiveram, são consequência da história que tem.
Essas pessoas que vem trilhar o caminho cujo a vocação pastoral se torna o asfalto para ajuda-los, quase sempre chegam a nós por meio das suas necessidades, deficiências e limitações. Talvez só cheguem exatamente por acharem que temos algo para lhes oferecer, que pode amenizar a dor, o sofrimento, arrancar os traumas, curar o medo e quem sabe ajudar-lhes a escrever uma nova história. E de fato temos algo a oferecer : a cruz.
Na minha meditação, vejo que aqui é o ponto inicial da crise. Ninguém quer a cruz. Só de pensar na cruz, nos remetemos a dor e sofrimento, e se elas vem buscar alivio e solução, logo a cruz não parece ser uma boa opção, a história da crus é parecida com a delas, e não é nada atrativa. Quando a cruz não é entendida, a vida se torna fria e evasiva.
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Pr. Douglas Faro |
Porém, continuo mergulhando neste mar de intensa meditação, sobre o que posso oferecer como pastor, a essas mesmas pessoas, que chegam acovardadas, melindrosas e sem rumo. Posso coloca-las no circuito, afinal são elementos fundamentais da minha vocação. Suas histórias, suas crises, seus problemas são materia-prima para cruz. Desse ponto de vista, a cruz se torna atraente. A cruz é o fim e o começo. Embora a aparência da cruz seja a do sofrimento e da dor, a sua estrutura interior é emadeirada por milagres, sacrífico por amor, entrega total por pessoas como estas.Quando a cruz é aprendida, ela faz o crente crescer e avivar.
Eu não me atreveria viver o que muitas destas pessoas vivem e viveram. Eu não suportaria. Por isso a min ha vocação é esta, fui colocado aqui para isso, servir-las e ergue-las. Sou responsável por faze-las maior do que eu, e isso não é fácil, exige intensidade. Só posso faze-lo se estiver na cruz. Aqui, vejo que a cruz na vocação pastoral, na parte menos usada por muitos, a da renuncia. Depois de dez anos, renunciando, percebo que estes foram apenas os primeiros anos de renuncia. No que tange a vocação pastoral, o elemento fundamental para o sucesso, é renunciar a si mesmo em favor do Reino.
Os valores, métodos e situações que questiono, nos momentos de mais intensidade da minha vocação pastoral, são exatamente aqueles que lancei mão, mais estes não passaram pela cruz. Com a certeza que que os resultados bons, foram mediante a cruz e os não tão bons, foram por mim mesmo.
A Deus toda honra !!
Douglas Faro é pastor da Comunidade de Vidas Restauradas de Londrina - PR.
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