17/10/2012

Imaturidade, reflexo da Super-Proteção - Por Douglas Faro




Das várias experiências como filho, pai e pastor, que já pude viver, tenho muita coisa que pude aprender. É fato que a nossa sociedade está carente de referenciais de conduta ética e postura moral, e ainda mais distante de valores cristãos. E isso afeta diretamente nossas famílias, por conseqüência nossos filhos. É fato de que nossos filhos necessitam , e muito, de carinho, proteção e direção. Nós pais cristãos, somos instruídos pela Palavra de Deus a esta prática: "Ensina a criança no caminho em que deve andar, e, ainda quando for velho, não se desviará dele". Provérbios 22:6. Porém algo alarmante tem me feito refletir a cerca do tipo de educação e cuidados que temos tido para com nossos filhos. A super-proteção dos pais da atualidade, em especial dos cristãos.

Sou pai de duas crianças, lindas e maravilhosas. Sou privilegiado e ser pai de uma menina e de um menino. Consigo perceber claramente a diferença entre criar um e outro. Tenho uma consciência clara quanto à importância dos meus filhos, conforme me diz a Bíblia: “Os filhos são herança do Senhor, uma recompensa que ele dá”. (Salmos 127:3 - NVI). Embora o versículo bíblico me inspire a pensar no cuidado que devo ter com meus filhos, penso que a super-proteção não seja algo bom para eles, e tenho a confirmação, no versículo seguinte :” Como flechas na mão de um homem poderoso, assim são os filhos da mocidade. (Salmos 127:4 – AA)

A super-proteção de pais para com os filhos, gera um deficiência no caráter e na personalidade do individuo, que irá culminar em um desastre emocional, espiritual, profissional, familiar, é tal qual um tsnunami, destrói tudo o que vem pela frente. É exatamente como disse o salmista, os filhos são “como flechas”  que podemos utilizar para acertar o alvo, ou para desviar do alvo. Qual é o nosso alvo como pais ? Muitos cristãos responderiam  : “ensinar a criança no caminho em que deve andar”. É verdade, esse é o nosso alvo. Porém, não deve ser o único. Devemos estar preparados para a segunda parte: “quando for [mais]velho”. 

Muitos pais ainda não atinaram para uma verdade, seus filhos já não são mais meninos de três, quatro ou cinco anos de idade. Muitos pais ainda não perceberam que seus filhos cresceram e se tornaram homem ou mulher , que devem assumir responsabilidades, fazer escolhas, tomar decisões.

Atualmente, tal qual vemos na história da mitologia grega, existem muitos jovens e até adultos, sofrendo do que a psicanálise chama de Complexo de Édipo. A idéia central do conceito de complexo de Édipo inicia-se na ilusão de que o bebê tem de possuir proteção e amor total, reforçado pelos cuidados intensivos que o recém nascido recebe pela sua condição frágil. Essa criança se apega muito a figura da mãe. Em torno dos três anos, a criança começa a receber algumas proibições, em decorrência da educação, e percebe que já não é exclusiva, em seu mundo.

Esse sentimento de exclusividade do individuo é algo muito presente nas relações humanas atuais. O egocentrismo, a auto-promoção, inclusive dentro das nossas igrejas. Isso ocorre, por  conta de pais que não conseguem mostrar aos filhos as realidades  do mundo em que vivemos, pais que super-protegem e semeiam imaturidade na vida dos filhos, os fazendo regredir a uma vida de verdadeiros bebês.

Como filho, eu posso dizer que fui muito bem tratado. Devo confessar que fui em muitos aspectos um filho super-protegido, e tive que colher amargas conseqüências disso na vida de adulto. Sei no meu coração que a intenção dos meus pais, assim como a de outros pais, sempre foi a das melhores, expressando amor e cuidado. Porém, em alguns momentos isso me prejudicou.

Como pai, tenho aprendido a lidar com cada momento e situação que vivo com meus filhos. Procuro dar independência, com limites à minha filha mais velha. Faço com que entenda que ela faz parte de uma família, e para tanto, todos temos deveres e obrigações. Conversamos muito, eu, minha esposa e ela, sobre o futuro, sobre a vida adulta que um dia virá para nossa menina, e ela terá de assumir as respectivas responsabilidade. É claro, que tratamos isso, da maneira mais pedagógica possível, para uma criança de seis anos.

Como pastor acredito que alguns pais precisam mudar a linguagem com que falam com seus filhos. Muitos ainda estão utilizando a linguagem pedagógica quando já deveriam falar de forma adulta. Muitos pais estão regredindo a vida emocional de seus filhos, com atitudes simples e corriqueiras do cotidiano, quando não deixam seus adolescentes, jovens cortarem o bife e lavar uma louça.

Muitos pais tem castrado seus filhos homens, por não os deixarem tomar decisões, enfrentar desafios e quem sabe até mesmo dar um passo em falso. Os erros também ensinam.
Muitas pais tem transformado suas filhas em péssimas esposas, por não saberem da importância de uma mulher no lar. A menina precisa, desde cedo, saber como lidar com as prendas da casa, mesmo que esta não seja a sua aptidão para o futuro, mais ainda hoje, o cuidado do lar é fundamental para o desenvolvimento de uma boa mãe e de uma ótima esposa.

As drogas, a pornografia, o sexo ilícito, a desonestidade não atingem aqueles que tem o caráter forjado por Cristo. Por isso pais devem tratar do caráter de seus filhos, começando talvez por ensiná-los o valor das pessoas, o preço das coisas e o esforço para alcançar pessoas, e conquistar as coisas.

Se de um lado a ausência dos pais é tragicamente terrível para os filhos, a super-proteção é devastadora. O reflexo esta numa sociedade que quando não é cruel e impiedosa por conta dos pais ausentes, é egoísta e gananciosa por conta dos pais super-protetores. Isso encontramos nas escolas, nas empresas e por mais difícil que seja admitir, encontramos em nossas igrejas.

Oro para que esta mensagem possa trazer aos pais uma consciência libertadora aos pais, os fazendo encontrar um equilíbrio na educação dos filhos, para não serem ausentes e também não serem protetores ao extremo. Oro para que os pais dos adolescentes e jovens adultos, percebam que seus filhos cresceram, e precisam agora aprender a viver. Creio que a família ainda é o melhor modelo de relações humanas para a sociedade, e por isso precisa ser muito bem estruturada. Só depende de nós, e da certa ajuda de Deus.

No amor de Cristo,



Pastor Douglas Faro, é pastor da Comunidade de Vidas Restauradas de Londrina desde 2008. É casado com a Pastora Denise, pais de Rebecca Vitória e Davi.

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