Das várias experiências como filho, pai
e pastor, que já pude viver, tenho muita coisa que pude aprender. É fato que a
nossa sociedade está carente de referenciais de conduta ética e postura moral,
e ainda mais distante de valores cristãos. E isso afeta diretamente nossas
famílias, por conseqüência nossos filhos. É fato de que nossos filhos
necessitam , e muito, de carinho, proteção e direção. Nós pais cristãos, somos
instruídos pela Palavra de Deus a esta prática: "Ensina
a criança no caminho em que deve andar, e, ainda quando for velho, não se desviará
dele". Provérbios 22:6. Porém algo alarmante tem me feito refletir a cerca
do tipo de educação e cuidados que temos tido para com nossos filhos. A super-proteção
dos pais da atualidade, em especial dos cristãos.
Sou pai de duas crianças, lindas e maravilhosas. Sou privilegiado e ser
pai de uma menina e de um menino. Consigo perceber claramente a diferença entre
criar um e outro. Tenho uma consciência clara quanto à importância dos meus
filhos, conforme me diz a Bíblia: “Os filhos são herança do Senhor, uma recompensa que ele dá”. (Salmos 127:3 - NVI). Embora o versículo bíblico
me inspire a pensar no cuidado que devo ter com meus filhos, penso que a super-proteção
não seja algo bom para eles, e tenho a confirmação, no versículo seguinte :”
Como flechas na mão de um homem poderoso, assim são os filhos da mocidade. (Salmos 127:4 – AA)
A super-proteção de pais para com os filhos, gera um deficiência no caráter
e na personalidade do individuo, que irá culminar em um desastre emocional,
espiritual, profissional, familiar, é tal qual um tsnunami, destrói tudo o que
vem pela frente. É exatamente como disse o salmista, os filhos são “como flechas” que podemos utilizar para acertar o alvo, ou
para desviar do alvo. Qual é o nosso alvo como pais ? Muitos cristãos
responderiam : “ensinar a criança no
caminho em que deve andar”. É verdade, esse é o nosso alvo. Porém, não deve ser
o único. Devemos estar preparados para a segunda parte: “quando for
[mais]velho”.
Muitos pais ainda não atinaram para uma verdade, seus filhos já
não são mais meninos de três, quatro ou cinco anos de idade. Muitos pais ainda
não perceberam que seus filhos cresceram e se tornaram homem ou mulher , que
devem assumir responsabilidades, fazer escolhas, tomar decisões.
Atualmente, tal qual vemos
na história da mitologia grega, existem muitos jovens e até adultos, sofrendo
do que a psicanálise chama de Complexo de Édipo. A
idéia central do conceito de complexo de Édipo inicia-se na ilusão
de que o bebê tem de possuir proteção e amor total, reforçado pelos cuidados
intensivos que o recém nascido recebe
pela sua condição frágil. Essa criança se apega muito a figura da mãe. Em torno
dos três anos, a criança começa a receber algumas proibições, em decorrência da
educação, e percebe que já não é exclusiva, em seu mundo.
Esse
sentimento de exclusividade do individuo é algo muito presente nas relações
humanas atuais. O egocentrismo, a auto-promoção, inclusive dentro das nossas
igrejas. Isso ocorre, por conta de pais
que não conseguem mostrar aos filhos as realidades do mundo em que vivemos, pais que
super-protegem e semeiam imaturidade na vida dos filhos, os fazendo regredir a
uma vida de verdadeiros bebês.

Como pai, tenho aprendido a lidar
com cada momento e situação que vivo com meus filhos. Procuro dar
independência, com limites à minha filha mais velha. Faço com que entenda que
ela faz parte de uma família, e para tanto, todos temos deveres e obrigações.
Conversamos muito, eu, minha esposa e ela, sobre o futuro, sobre a vida adulta
que um dia virá para nossa menina, e ela terá de assumir as respectivas
responsabilidade. É claro, que tratamos isso, da maneira mais pedagógica
possível, para uma criança de seis anos.
Como pastor acredito que alguns
pais precisam mudar a linguagem com que falam com seus filhos. Muitos ainda
estão utilizando a linguagem pedagógica quando já deveriam falar de forma
adulta. Muitos pais estão regredindo a vida emocional de seus filhos, com
atitudes simples e corriqueiras do cotidiano, quando não deixam seus
adolescentes, jovens cortarem o bife e lavar uma louça.
Muitos pais tem castrado seus
filhos homens, por não os deixarem tomar decisões, enfrentar desafios e quem sabe
até mesmo dar um passo em falso. Os erros também ensinam.
Muitas pais tem transformado suas
filhas em péssimas esposas, por não saberem da importância de uma mulher no
lar. A menina precisa, desde cedo, saber como lidar com as prendas da casa,
mesmo que esta não seja a sua aptidão para o futuro, mais ainda hoje, o cuidado
do lar é fundamental para o desenvolvimento de uma boa mãe e de uma ótima
esposa.
As drogas, a pornografia, o sexo
ilícito, a desonestidade não atingem aqueles que tem o caráter forjado por
Cristo. Por isso pais devem tratar do caráter de seus filhos, começando talvez
por ensiná-los o valor das pessoas, o preço das coisas e o esforço para
alcançar pessoas, e conquistar as coisas.
Se de um lado a ausência dos pais é
tragicamente terrível para os filhos, a super-proteção é devastadora. O reflexo
esta numa sociedade que quando não é cruel e impiedosa por conta dos pais
ausentes, é egoísta e gananciosa por conta dos pais super-protetores. Isso
encontramos nas escolas, nas empresas e por mais difícil que seja admitir,
encontramos em nossas igrejas.
Oro para que esta mensagem possa
trazer aos pais uma consciência libertadora aos pais, os fazendo encontrar um
equilíbrio na educação dos filhos, para não serem ausentes e também não serem
protetores ao extremo. Oro para que os pais dos adolescentes e jovens adultos,
percebam que seus filhos cresceram, e precisam agora aprender a viver. Creio
que a família ainda é o melhor modelo de relações humanas para a sociedade, e
por isso precisa ser muito bem estruturada. Só depende de nós, e da certa ajuda
de Deus.
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