"o arrapendimento genuíno deve ter o significado uma mudança de rumo, mudança de direção, de atitude "
Na semana passada, trabalhamos a questão do pecado. O apóstolo Paulo declara aos Gálatas 5.7 , dizendo : “ Corríeis bem, quem vos impediu de obedecer a verdade?”, dentro de uma temática importante, onde por conta do engano da Lei e da religiosidade, os gálatas estavam propensos a errar, a pecar. Dentro da discussão que propomos, falamos da importância de observarmos que o pecado pode ser algo que nos impeça de continuar na nossa caminhada de vida cristã.
É importante termos a consciência de que não estamos isentos de pecar, mais porém, não estamos também liberados para pecar. Há uma grande confusão, onde muitos já não tem força para lutar contra o pecado e se entregam ao pecado, mais ainda existem aqueles que se sentem “divinizado” a ponto de achar que é um ser superior, e que não esta propenso a pecar.
A Palavra de Deus declara “ Todos pecaram...” (Romanos 3.23) – e todos carecemos da graça de Deus e seu perdão. E como podemos voltar ao lugar que o Senhor tem para nós ? Qual a realidade do arrependimento genuíno ?
Um intenso e profundo ensino sobre arrependimento, vem de um dos personagens bíblicos que mais se identifica conosco, o Rei Davi. Antes de entramos na questão do arrependimento, é importante que tenhamos em nós o que diz Provérbios 4.23 : “ sobre tudo o que deve guardar, guarda o teu coração, por que dele procedem as saídas da vida”. É muito importante termos em mente, que um coração desprotegido não se entrega ao arrependimento.
Davi nos fala de coração. Davi foi o homem segundo o coração de Deus, algo declarado pelo próprio Deus. E com Davi, percebemos que alguém que guarda o seu coração, não está livre de pecar, mais está disponível a se arrepender e voltar a Deus.
O Salmo 51, é uma das mais profundas e importantes declarações de arrependimento. Este salmo foi escrito num contexto de difícil aprendizado para o importante Rei Davi. Talvez fosse preciso tudo isso para que ele percebe-se quem de fato ele era.
Davi foi responsável por trágica e irresponsável sucessão de acontecimentos desastrosos em seu reino e vida. No livro de 2 Samuel 11.1-12,15 , Davi adultera com Batseba, expõe e manda para morte um fiel soldado e marido desta mulher, chamado Urías, e ainda tenta manter as aparências jejuando em luto por sete dias. Porém, Deus não se agradou destes feitos de Davi.
Deus não deixaria Davi sem o justo juízo, pura e simplesmente por conta de sua condição de Rei, ou por seu poderio bélico e político. Deus não o deixaria sem juízo por ser um homem segundo o seu coração, e justamente por isso, Deus o trouxe ao lugar de misericórdia e justiça.
Natã, o profeta, o traz um caso para que Davi julgue: “E O SENHOR enviou Natã a Davi; e, apresentando-se ele a Davi, disse-lhe: Havia numa cidade dois homens, um rico e outro pobre.O rico possuía muitíssimas ovelhas e vacas. Mas o pobre não tinha coisa nenhuma, senão uma pequena cordeira que comprara e criara; e ela tinha crescido com ele e com seus filhos; do seu bocado comia, e do seu copo bebia, e dormia em seu regaço, e a tinha como filha. E, vindo um viajante ao homem rico, deixou este de tomar das suas ovelhas e das suas vacas para assar para o viajante que viera a ele; e tomou a cordeira do homem pobre, e a preparou para o homem que viera a ele. Então o furor de Davi se acendeu em grande maneira contra aquele homem, e disse a Natã: Vive o SENHOR, que digno de morte é o homem que fez isso. E pela cordeira tornará a dar o quadruplicado, porque fez tal coisa, e porque não se compadeceu. Então disse Natã a Davi: Tu és este homem.”( 2 Samuel 12.1-7)
“Tu és este homem”, disse Natã, e Davi mergulha em uma imensidão de tristeza e sofrimento por conta do pecado. Veja, ele não foi levado ao arrependimento por conta das conseqüências, isso seria remorso. Primeiro ele se acha revoltado, consigo mesmo. Se exalta e por fim se encontra contristado e é levado a um profundo arrependimento. O Salmo 51 é o retrato deste arrependimento.
Neste discurso de arrependimento Davi apela a Deus por suas misericórdias, e por seu amor constante, pedindo que Deus apague o seu pecado(Vs.1). Davi entende que o pecado é tal qual uma mancha, uma sujeira que somente pode ser tirada por Deus(Vs.2). O pecado é chamado pelo nome, e Davi o reconhece(Vs.3), assim o cristão também deve reconhecer seu pecado, conforme declara I João 1.8-10 : “Se dissermos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e não há verdade em nós. Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados, e nos purificar de toda a injustiça. Se dissermos que não pecamos, fazemo-lo mentiroso, e a sua palavra não está em nós.”
Todo pecado é uma ofensa a Deus, e nos afasta dEle, é o que Isaias irá profetizar anos depois (Isaías 59.2), Davi ora de forma contristada e confessional “...contra ti, contra ti somente pequei ...”(Vs.4). O reconhecimento de Davi vai além de admitir uma culpa por algo que se fez equivocadamente, mais este reconhece a existência do pecado em sua vida, desde o seu nascimento (Vs.5). Há uma profusão de sentimentos envolvidos, trata-se de uma dor de alma, ossos quebrantados, profundidade da dor e da tristeza por conta do pecado(Vs.8).
Davi se refere aos crimes de sangue, que aqui não são a representação de uma vida de batalhas e guerras do rei guerreiro, já que estes foram feitos em nome de Deus, mais trata-se do homicídio cruel, em busca de manter as aparências e forjar um escape para o pecado (VS.14).
A religiosidade nos faz agir assim. O religioso não reconhece seu erro, justamente por achar que não erra. Oferece seus sacrifícios e holocaustos, mantém seu nível de religiosidade, mais não agrada a Deus(Vs.16). Se for preciso ele anula, mata e destrói para manter as aparências. Isso não é arrependimento genuíno, e sim o transgênico. O verdadeiro arrependimento se dá no nível espiritual, e nos leva alem de nós mesmos, nos leva a Deus.

E como declara o salmista : “ ... o arrependimento de demonstra com um espírito quebrantado e contrito, um coração que toca o coração de Deus, a este o Senhor não despreza...”(ênfase minha – Vs. 17)
O arrependimento produz frutos de salvação e justiça. Deus transforma nossos pecados em oportunidade para agirmos com “...um espírito voluntário, e a ensinar aos transgressores o caminho do Senhor...” (Vs. 12,13).
O fim deste processo de arrependimento, são as prosperidades advindas de uma profunda comunhão com o Espírito Santo, edificação nos muros, a boa vontade do Senhor para conosco. Agora sim, ele aceitará as ofertas de sacrifícios de justiça, sacrifícios de uma vida reta.
Segue o convite do Espírito Santo para cada um de nós : "Arrependei-vos, pois, e convertei-vos, para que sejam apagados os vossos pecados, e venham assim os tempos do refrigério pela presença do SENHOR," (Atos 3 : 19)
Autor.: Pr.Douglas Faro
Comunicação Vidas Restauradas
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