Nós, Os Evangélicos !!!
Com o advento da internet, dos blogs e micro-blogs, veio a facilidade de expressar a todos quantos pudermos as opiniões sobre os mais diversos temas expostos na mídia. E eu, não vou fugir a essa regra, e é claro, gostaria de expressar aqui alguns pensamentos e opiniões, que relevantes ou não, fazem de mim, mais um dos que se arriscam falar o que pensa, sem o fardo da obrigação de pensar no que dirá a critica oficial, mais com o peso de saber que nesta condição estou aberto a todo e qualquer tipo de criticas e insurreições.
Por esses dias, a Revista Época (9 Agosto 2010
no. 638), apresentou a em sua capa a seguinte manchete : Os novos evangélicos – Um movimento de fieis critica o consumismo, a corrupção e os dogmas das igrejas – propõe uma nova reforma protestante.
Essa matéria traz a publico um assunto a muito discutido dentro dos bastidores do mundo evangélico atual. Não é de hoje, que se fala em iniciar uma nova proposta de exposição do Evangelho de Cristo, face ao que hoje têm sido colocados na Televisão, Jornais, internet e outros tipos de mídia. Porém, pensemos na forma correta de fazer isso.
Como parte desse contexto evangélico atual, e afetado diretamente por essa discussão, acredito poder entrar nesta, dando meu ponto de vista, mesmo que talvez, o meu comentário não tenha relevância alguma na grande discussão.
Sou pastor evangélico, de uma pequena comunidade, em um bairro de periferia, em uma cidade considerada um grande centro regional. A minha formação acadêmica na área de ciências da informação, com especialização em Auditoria de Sistemas e Serviços, tem contribuído muito para a construção do meu ministério, dando uma visão que vai além da teologia filosófica apresentada hoje, que parece mais valorizar pensadores como Marx, Freud ou Nietzsche. O seminário de Teologia, apesar de muito focado na instituição religiosa, tem contribuído para a formação do caráter deste ministério. E esse é um dos motivos pelos quais, deixei uma grande instituição religiosa, para me dedicar a pregação do evangelho, para um pequeno grupo de pessoas. Por conta de uma exaustão da velha teologia dos burgueses da fé, e por outro lado, em busca de não banalizar a fé, com essa teologia da prosperidade populista escancarada na mídia, mais sim, por um objetivo de buscar trazer o evangelho da cruz.
De fato, a manifestação publica de varias classificações do movimento neopentecostal brasileiro, tem afetado a imagem das instituições evangélicas. Se antes éramos vistos como pessoas iletradas, de baixo nível social, hoje, apesar de sermos prósperos e importantes para o mercado crescente do segmento de produtos e serviços para evangélicos, somos vistos como: ignorantes, desatualizados, ambiciosos, desonestos, caloteiros, arrogantes, donos do céu, gananciosos, pretensiosos, pseudo-semi-deuses(isso existe ?).
Isso é o produto final, da produção em massa que a indústria da fé e prosperidade tem trazido aos evangélicos apresentados pela mídia.
Se de um lado, é verdade que os neopentecostais têm ostentado templos grandes e suntuosos, compram-se cada vez mais rádios, televisões (mesmo que ilegalmente), realizam-se grandes shows e cruzadas com o melhor aparato tecnológico de uma pirotecnia gospel, produzem-se por força de uma macumba gospel, as mais diversas demonstrações de curas e libertação (creio em cura e libertação, não em macumbaria e feitiçaia).Temos que lembrar, que por outro lado, pouco se fez para mudar esse quadro.
Essa balburdia não é de hoje, esses movimentos eram pequenos a dez, vinte anos atrás, e muitos dos que hoje são os seus críticos, eram os que também O eram naquela época, porém, esses ditos críticos, não deram a importância devida, ou de alguma forma acreditavam que esse movimento não iria crescer, e muito confiantes em sua história e tradição protestante, nada fizeram, esperando que o movimento se dissipasse por si mesmo.
E o que dizer das diversas portinhas abertas todos dos dias, não há o que se fazer ! Cada um com a sua revelação direta de Deus, sentem-se chamados por Ele e começam uma nova denominação.
Há que se dizer que há muita gente seria, cansada da papagaiada que estamos vendo, e que partem para esse lado. Mais há também os que sem preparo algum surgem do nada, a revelia e se utilizam dos artifícios da teologia edirana, waldomiriana e erreerreana para propagar um evangelho que Paulo chamaria facilmente de falsa doutrina.
Os críticos desse modelo, os burgueses da fé, vem com argumentos fortes e contundentes sobre as questões dos cultos shows, dos aparatos da TV e Radio, dos mega-templos. Porém, e interessante notar que muitos desses críticos estão levando a coisa a um extremismo, que não sei se seriam capazes de cumprir.
Tem trazido para dentro das igrejas, com um rotulo de cristianismo, um deus, que de Deus nada tem. A humanização de Deus tem sido algo recorrente nas suas linhagens de pensamento, exposto de uma maneira a cativar a mente dos que estão cansados dos escrachos das neo. Esse pensamento tem reduzido Deus, a nada, ou a um deus imperfeito e banal, às vezes efeminado, e com muito mais características de homem corrupto, do que como Deus soberano e vivo, que esta acima de tudo e de todos.(Isaías 46.9-10)
Será que esses pensadores, teólogos críticos, aceitariam pregar e viver, nas pequenas comunidades das periferias, das cidades mais abandonadas e esquecidas do interior do nordeste, sem carros de luxo, sem igrejas bem equipadas com todo aparato tecnológico, cultos pela internet, projetores multimídia.
Será que os ditos irmãos, estão dispostos a pregar para gente pobre, que não entende a exegese dos textos explanados, não tem ideia alguma sobre escatologia, filosofia, e são facilmente levadas pelos paroleiros populistas do evangelho que, não preocupados com a verdade, inserindo inverdades do evangelho em vidas aflitas.
Esses críticos defendem que Jesus não precisava de templos, de microfones, de data-show, de carro e que se esta usurpando do dinheiro dos pobres irmãos, em detrimento da fé. Porém, esses críticos, escrevem seus livros e ensaios espiritualistas, de filosofia teologizada, do alto de seus gabinetes bem decorados, em belas igrejas, nos bairros da elite social. Concordo que Jesus não precisava disso, ele é o Senhor Soberano, porém, esse não é o ponto X do problema. O problema do evangelho de hoje, não consiste se pregamos em mega-igreja, se pregamos em favela, em casas, seu fazemos uso da mídia, se usamos carros ou vamos há cavalo. O nosso problema consiste na mensagem que pregamos e em vivermos essa mensagem que pregamos.
Isso é uma questão que não atinge somente o neo-pentecostal ou o pentecostal, mais atinge os históricos e tradicionais de todos os níveis. Não se trata apenas de uma reforma institucional religiosa, trata-se de uma mudança de postura, de conduta do povo evangélico, em não aceitar aquilo que esta fora da mensagem da cruz.
É preciso perceber que essa discussão mais parece ser um tipo de briga mercadológica do que realmente uma discussão em defesa da fé, porém, temos de ter em mente a orientação que a própria palavra nos traz, de que os falsos profetas se levantariam com doutrinas de engano ( Mateus 24:11 e 24 / 2 Pedro 2.1 / 1 João 4.1)
Penso que devemos rever nossa posição frente a tudo que esta sendo apresentado, porem de maneira imparcial, assumindo os nossos erros, aprendendo com os acertos alheios, mais nunca fora do que a palavra de Deus nos orienta. Acredito que entre neo-pentecostais, pentecostais, tradicionais e históricos existam tanto pessoas serias e que tem um compromisso com a palavra de Deus, como também existam os neófitos, os enganadores, os escrachados e charlatões, que serão vencidos pelo cumprimento da palavra de Deus dia-a-dia, e pela mudança de postura do povo cristão frente a tudo isso que vemos hoje.
Pense nisso,
Douglas Tadeu Faro é, pastor titular da Comunidade de Vidas Restauradas de Londrina-PR, casado com Denise Faro,e pai de Rebecca Vitoria.

0 comentários:
Postar um comentário